Como de costume, a expectativa de um ano melhor sempre se renova. E, assim como nos anos anteriores, a virada de 2021 para 2022 nos trouxe esse desejo; mas…, a despeito dessa esperança de tempos melhores, a rotina típica de início de ano não muda. E haja contas e boletos programados para os primeiros meses do exercício!
A lista de pagamentos da maioria das famílias brasileiras começa com impostos, com destaque para o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), além de seguros, rematrículas de escolas e universidades e material escolar.
Como dar conta dessas obrigações, que se somam aos gastos parcelados das festas de Natal e Réveillon e não iniciar o ano com uma ressaca da mistura de dívidas antigas com as recém-chegadas?
O primeiro passo deveria ter sido um planejamento financeiro. Colocar no papel ou em uma planilha eletrônica todos os gastos previstos, sejam eles de curto, médio ou longo prazos e compará-los com as disponibilidades de recursos atuais. A isso podemos chamar de Fluxo de Caixa.
Infelizmente, poucos de nós tem esse cuidado. Contudo, se a lição de casa não foi feita durante o ano passado, podemos considerar que ainda há tempo pois, como diz o ditado popular, “antes tarde do que nunca”, ou seja, fazer isso agora permitirá que você saiba a quantas andam suas finanças atuais e mais… você começa a se preparar para o próximo ano.
Fazer um bom planejamento doméstico permite identificar os períodos do ano em que pode ocorrer um pico de consumo, o que pode incluir aniversários, viagens, pagamento de impostos e outros desembolsos. É importante não ter medo e sim atitude de cortar gastos. Em um cenário de economia em desaceleração e com um quadro pouco favorável à retomada dos empregos, é preciso adequar os gastos à realidade financeira de cada família. Reduza tudo o que for possível, mude hábitos de consumo, faça opções mais baratas. O sacrifício pode evitar o total descontrole das contas e a fatídica necessidade de empréstimos pessoais, ou pior, a entrada no cheque especial. Adote a partir de agora a cultura de constituir uma reserva para o próximo ano e também para eventuais imprevistos.
Uma boa organização das contas passa pela formação de uma reserva de pelo menos 20% da sua renda para esse objetivo. Parece muito, mas acredite, esse montante, depois de formado, tornará sua vida financeira muito menos complicada. Daí é só manter.
Para aqueles que ainda não tiveram a atitude da formiga, de poupar para os dias de mau tempo, a dica é “não tenha vergonha de negociar”. Nós brasileiros, precisamos superar a vergonha de procurar nossos credores e ter a iniciativa de oferecer um plano de renegociação de dívidas. Busque o credor e informe que a situação de adimplência atual pode ser comprometida nos próximos meses e proponha uma forma de seguir com as contas em dia. Ele até poderá te agradecer por isso e fazer uma boa negociação.
Não se esqueça, a adoção de uma reengenharia financeira deve prever a troca de dívidas mais caras, ou seja, com multas ou juros mais elevados, por mais baratas. Procure o credor, ofereça o pagamento do débito e peça o abatimento de juros e multas. Lembre-se, a margem de negociação será maior se você ainda estiver adimplente.
Perdoe-me o assunto nestes tempos de angústia, mas acredite, o único objetivo é educar financeiramente os que estão passando por essa dificuldade comum para muitos a cada início de ano.
Milton Braz Bonatti